quinta-feira, 25 de março de 2010

Aproveitar a vida

Viver cada dia não como se fosse o último mas como se fosse o primeiro.

Olhar para tudo como se fosse a primeira vez. Porque realmente É.




Se hoje for o último dia da minha vida, vivo sem esperança, e morro. Se hoje for o primeiro dia da minha vida, renasço e acredito.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ser anti-português é ser anti-brasileiro

Começo a ficar farto do recorrente clichê "se o Brasil tivesse sido colonizado pelos holandeses talvez fosse melhor".

Em primeiro lugar, o Brasil não foi colonizado pelos holandeses. Sabem porquê? Porque os holandeses não foram capazes de o colonizar. Se os holandeses fossem capazes de colonizar o Brasil seriam (como) os portugueses, não seriam os holandeses (apesar de a independência da Holanda de Espanha se dever em grande parte à acção dos judeus portgueses radicados na holanda, mas isso é outro assunto).

Só os portugueses têm na sua cultura, na sua identidade intrínseca, no seu código genético civilizacional, as características que levaram à formação do Brasil.

O termo "colonizar" aplica-se quanto muito aos povos tupis e guaranis que habitavam o terrítório a que hoje chamamos Brasil, mas não ao país-Brasil. Os tupis foram colonizados. O Brasil não. Porque o Brasil não existia antes de os portugueses lá chegarem. Logo, os portugueses nunca colonizaram o Brasil. Fizeram mais que isso, pior que isso: os portugueses criaram o Brasil.

E o meu ponto é que só os portugueses poderiam ter criado o Brasil, mais nenhum povo do mundo.

Os territórios que foram espanhóis na América são hoje uma série de países que não se entendem nem têm unidade. Se o Brasil tivesse sido colonizado por Espanha seria hoje talvez um conjunto de dez países, ou então talvez cada estado do Brasil actual fosse um país independente. Acho que não preciso dizer a miséria que isso seria. Perderíamos este Brasil maravilhoso, toda esta cultura, que viajou da Bahia para o Rio de Janeiro, para São Paulo, passando pela Amazónia e por todo esse país branco preto mulato.

Isto que aconteceu com o resto da américa latina deve-se à falta de unidade nacional intrínseca espanhola. No código genético civilizacional dos espanhóis está a rivalidade consigo próprios, e o facto de serem um país composto ele próprio por uns cinco ou seis países. Isto levou a que cada um puxasse para o seu lado, o que deu uma catrefada de países e pouca unidade.

Pelo contrário, os territórios que foram holandeses na América são... o Suriname. Ninguém quer ser o Suriname. Os Brasileiros querem? Não me parece. Com todo o respeito... que país mais desinteressante comparado com o Brasil.

É que o Brasil nunca poderia ser o Suriname. O Suriname revela aquilo que os holandeses sabem fazer: colónias pequeninas, bem organizadas, bem geridas, mas que não têm interesse nenhum.

Só a megalomania portuguesa é que poderia gerar o Brasil. O desejo de fazer um ímpério. Assumindo o grande disparate e loucura disso. Assumindo todas as dificuldades, das quais nem tinham noção. Assumindo que isso daria um país desequilibrado. Um país grande de mais. Uma ideia inconcebível. Acham que algum racionalista holandês afirmaria "vamos fazer o Brasil?" Não, porque "fazer o Brasil" é impossível, só os portugueses seriam capazes de tamanha insanidade. De tamanho absurdo. De tamanha desproporção.

É aí que se vê a grande religiosidade portuguesa. A capacidade de acreditar em algo que a razão nega poder existir. A fé que é precisa para acreditar em criar o Brasil nenhum outro povo do mundo a tem.

Mesmo os ingleses, que têm tantas capacidades, se teoricamente considerassem esse projecto, pensariam, acertadamente "um país desse tamanho não, vamos tentar, um terço disso, é mais razoável, mais sensato". E provavelmente conseguiriam fazer um país interessante. Mas não seria o Brasil. E acontecer-lhes-ia o que aconteceu na América do Norte. As coisas escapar-lhes-iam das mãos. A competitividade do modelo anglo-saxónico é tal que os Estados Unidos da América se criaram sozinhos, contra os Ingleses, com ajuda dos franceses. Não foram os ingleses que o fizeram.

Voltando aos holandeses. Os holandeses não estavam interessados em colonizar. Os holandeses não se misturam com os outros povos, só querem comércio. Nem os ingleses. Os espanhóis só um bocadinho. Alguma vez o Caramarú seria outra coisa que não português? Olhem Cabo Verde, esse país de mestiços. Olhem o Apartheid, alguma vez poderia acontecer num país lusófono?

Toda a identidade brasileira em que eu tenho tanto orgulho e em que acho que os brasileiros têm tanto orgulho vem dessa multi-culturalidade que é uma atitude intrinsecamente portuguesa. No mundo ocidental, foram os portugueses que inventaram a miscigenação. Isso tem de ser dito. Os portugueses vão para um lugar e fundem-se com ele.

O Brasil só pode ser um país de brancos, negros, índios e asiáticos, unido nacionalmente como é, por causa dos portugueses. Um país que acolheu todos esses refugiados durante a guerra, que hoje estão todos integrados.

A miscigenação vem de os portugueses serem um povo completamente unido, como poucos, e de, simultaneamente, ser composto por uma mistura de lusitanos com celtas, iberos, mouros, judeus, negros, chineses, indianos, etc.

Essa frase bonita "Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e/ou do negro" do Gilberto Freyre (apelido português bonito, Freire, escrito à antiga com "y") só é possível por causa dos portugueses.

Só os portugueses - de todos os países colonizadores da história do mundo - é que transferiu a sua capital para um território ultramarino. A capital dos holandeses nunca foi na África do Sul, ou no Suriname ou na Indonésia. Mas a capital de Portugal já foi o Rio de Janeiro. Não percebem o que isso quer dizer? Quer dizer existir um povo que acredita em fundir-se com outro e dar origem a um povo maior. Esse povo maior é o Brasil.

Já agora, outro clichê quando se fala em portugueses no Brasil é a escravatura. Sim, os portugueses traficavam escravos. Também os holandeses e também todos os povos do mundo. Os próprios africanos foram os grandes inventores disso mesmo. Os romanos tinham escravos. Os egípcios tinham escravos. Os portugueses, como habitantes do planeta Terra e elementos da raça humana, tinham escravos. Apesar disso, em 1761, o Marquês de Pombal proibiu a entrada de novos escravos em Portugal continental.

Outro clichê, com o carimbo de propagação do grande Caetano Veloso (nome português) a quem, de vez em quando, dá vontade de dizer uns disparates, é que os portugueses só foram ao Brasil roubar ouro. Há no entando estudos que apontam para que hoje sejam extraídos por dia do Brasil mais recurssos naturais do que em todos os séculos em que Portugal e Brasil foram um só país.

Eu sei que toda essa angústia com a colonização vem de um trauma. Um trauma legítimo e com razão de ser. Mas há que fazer as pazes com o nosso passado. Nós portugueses fizemos as pazes com o povo que nos ocupou e, entre outros, nos criou: os romanos. Bem sei que leva tempo a sarar a ferida. Sei que hoje já ninguém sofreu diretamente as acções dos romanos, só as consequências. Mas os brasileiros também não dos portugueses. Os portugueses tiveram mais tempo para sarar a ferida, mas o meu ponto é que há muitas vantagens em sará-la. E sará-la o mais depressa possível, para que não fiquem órgãos tortos, ossos com altos, amnésia, cicatrizes grosseiras e feias. Eu como português, adoro os romanos. E bem sei que eles mataram muitos dos meus antepassados. Mas eu também sou descendente dos romanos. Tenho um pai romano que batia na minha mãe lusitana. Ou um pai celta-cristão que batia na minha mãe árabe. Ou um pai cristão que obrigou a minha mãe judia a converter-se ao cristianismo. Grandes tragédias, mas é preciso fazer as pazes com isso e não ficar a escarafunchar na ferida à procura de culpados. Quase todos os brasileiros têm no seu sangue o sangue dos culpados. Não adianta para nada fingir que esse sangue podia ser holandês, ou fingir que não é português, como todos os brasileiros não fossem em parte portugueses.

O Brasil é um país cheio de problemas, mas é um país. Sem os portugueses, não seria.

PS: E sem os Angolanos também não. Só quem nunca conheceu um angolano é que não sabe que a boa disposição brasileira vem diretamente de Angola. E Angola é um país lusófono. O Brasil também só o poderia ser sendo-o.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O demónio está à espreita

O maior perigo de ter Fé neste tempo de ateísmo é achar que, por se aspirar ao Bem, se está automaticamente do lado do Bem, do lado dos bons, e, por consequência, se pode fazer o que se quiser porque se está na equipa certa.

É por este perigo que o único caminho que existe é o da humildade. A humildade de assumir que nada sei. Que o caminho para o Bem é muito longo. Que para se chegar lá é preciso rigor para não se enveredar por desvios. Saber onde se quer chegar não significa que saibamos o caminho.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Paz Quente

Depois da Guerra Fria temos uma paz fria.

Talvez seja preciso travar a guerra quente para instalar uma paz verdadeira.

domingo, 14 de março de 2010

Maestro

Um grande artista é alguém que consegue, ao reger os músicos à sua frente, reger, simetricamente com os mesmos gestos, os corações do seu público, atrás de si.

Com os mesmos gestos.




Matar e ressuscitar, com os mesmos gestos.

Magoar e amar com os mesmos gestos.

Destruir e construir com os mesmos gestos.

Gritar e cantar.

Dançar.

Boa Vontade

O motivo pelo qual não devemos julgar os outros é porque - independentemente de se o nosso juízo é justo ou não - de nada serve uma sociedade em que as pessoas pautam a sua acção pelo que os outros vão achar dela.

Cada um deve agir pelo Bem porque esse é o seu dever, não por medo das represálias caso não o faça. Tampouco deve praticar um suposto Bem pelo desejo do aplauso.

Deve cada um praticar o Bem porque acredita Nele.