terça-feira, 31 de agosto de 2010

À grande sabedoria do meu amigo Pedro

Que descobriu que mesmo as coisas das quais não nos lembramos continuam a contribuir para aquilo que somos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A questão definitiva

Viver é apurar as capacidades para a dúvida, pois a resposta final que explicará o universo virá em formato de pergunta.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Resposta mística provisória para aquilo que nos faz viver

O que move as pessoas para continuarem a viver e fazerem o que fazem é o mistério.

Combustível amoroso

Procuramos na pessoa que amamos alguém a quem contar os nossos segredos.

Mas a pessoa que queremos que nos ame é a última a quem podemos contá-los, para que nos possa continuar a amar.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Vontade Boa

Outra palavra para Bombeiro deveria ser Boa Pessoa.

Um de nós decidia que queria ser boa pessoa. Ia ter ao quartel das pessoas boas, que é o centro da comunidade - e é essa a origem dos bombeiros - e dizia que queria ser um deles.

Lá eles ensinavam-nos os procedimentos para sermos boas pessoas. Fazíamos a formação e aprendíamos que para ajudar os outros é preciso saber fazer isto, isto e isto.

E a partir daí estávamos capazes para prestar qualquer bondade básica à comunidade.

Tornávamo-nos Soldados da Paz.


Até hoje, percebia Soldados da Paz como uma imagem de pessoas que treinam e têm uma hierarquia como os militares, mas que não usam armas.

Mas agora conheço-os, e percebo como uma comunidade em paz precisa e depende de ter cidadãos capazes para resolver os problemas dos seus. Problemas esses que são constantes: ir buscar e levar as pessoas acidentadas e doentes em ambulâncias, salvar pessoas encurraladas, arrombar portas para as quais não há chaves, salvar animais em apuros, apagar fogos. Um pilar da sociedade.

Pessoas que levam, voluntariamente, a paz às outras pessoas.

E algo em mim vibra como se eu soubesse intimamente que o bem só se pode fazer sem pedir dinheiro em troca.

Todos devíamos ser bombeiros. Outra maneira de dizer isto é, todos deveríamos querer ser bombeiros.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Almoço dos trabalhadores

Na hora do almoço, vou a um super-mercado comprar coisas para pôr num pão. O meu salário não é alto.

Se isso se deve à economia estar fraca porque a economia de outras terras está a crescer, terras na China,

e se então isso significa que uma parte do dinheiro que ganharia antes um trabalhador como eu agora vai para a China, para que vários chineses ganhem mais,

(através de um complexo sistema económico que faz com que o mundo globalizado sem fronteiras seja como uma balança lenta mas eficaz, que só quando o dinheiro estiver igualmente repartido se estabilizará permitindo de novo aumento da riqueza nos países que já são hoje mais ricos, tudo isto porque, quanto mais pobre, mais barata a mão de obra, mas por isso, mais baratos os produtos que, assim, ocupam o lugar dos produtos mais caros, dos países com mão de obra mais cara)

e se, neste momento na China, um trabalhador na sua hora de almoço come uma sandes tão pobre mas tão digna quanto a minha (sendo que os que antes estavam no lugar dele nem para a sandes tinham), que ele pode pagar por causa desse dinheiro que antes estaria aqui no meu bolso e agora está lá,

então isso quer dizer que há uma relação direta entre a minha sandes e a sandes chinesa do chinês, e que nós os dois, com o nosso dinheiro, estamos na verdade a fazer uma vaquinha e a, juntos, partilhar o almoço.

Amigo chinês, é um prazer almoçar contigo. Espero que a tua sandes esteja boa. Não tens de quê. Espero que as coisas te corram bem aí na China. Eu? Tenho imensa sorte. Ah, já agora, se tiveres ocasião, diz ao Jia Zhang Ke que ele é o maior realizador do mundo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A alma é regida pela lei do milagre

É uma ilusão pensar que se pode chegar ao mesmo lugar por caminhos diferentes.

sábado, 7 de agosto de 2010

O sentimento invisível

Incomoda-me que as outras pessoas não saibam quanto a amei.

Incomoda-me que exista apenas uma palavra namorada para dizer o que ela foi para mim. Que seja a mesma usada para pessoas que amaram menos, ou nada, ou diferente, e para sentimentos que foram banais.

Incomoda-me que alguém fale dela e lhe chame o mesmo que chama a outra mulher, ou mesmo à sua namorada, sendo que o amor deles nada tem a ver com o meu, e que essas pessoas nem conseguem compreender a grandiosidade de certos sentimentos mas pensem que sim ou então que eles não existem.

Como se ao chamarem-lhe minha ex-isso estivessem a mentir.

Incomoda-me que falte essa palavra para designar o sentimento invisível.

Incomoda-me ainda mais que seja um clichê dizer que é preciso inventar palavras novas para designar o que ela foi para mim.

E incomoda-me que mesmo assim seja verdade que é preciso inventar essa palavra única, só minha, só dela, donzela do meu coração, pessoa com quem fui um, pessoa a quem me entreguei.

Incomoda-me eu querer provar que o que eu tive foi mais do que a maioria dos outros tem, quando eu já sei que foi, e que isso seja considerado arrogante, quando eu apenas estou a tentar dizer a verdade do que eu sinto, a tentar reclamar de um direito.

Como seria lindo se houvesse maneira de medir o amor, e houvesse uma organização consagrada e reconhecida por todos, oficial e inequívoca, que distinguisse os amores maiores dos mais pequenos, e desse medalhas e troféus para os grandes amantes, de modo a que alguém pudesse dizer Bem, nem sabes, aquele gajo ali, teve em tempos um amor nível 7 por uma tal rapariga, e alguém pudesse responder Namorados nível 7? Foda-se, nunca conheci ninguém que tivesse amado tanto!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mensagem recebida às 17:10 de uma amiga regressada ante-ontem da europa, ou As coisas Boas da Vida

" Adoro portugal..adoro lisboa :) as pessoas são limpa,bonitas e mesmo duma maneira simples, são sempre bem arranjadas..já vi tantos sorrisos hj, e gargalhadas pelas ruas :) bem..viajar faz-nos ver destas coisas "

Esfolei os joelhos a brincar com crianças na praia

Tenho sangue de criança nos joelhos.

Tenho a minha infância em crosta nos joelhos.

Tenho sangue da minha infância vivo nos meus joelhos. 

Tenho o meu sangue nos meus joelhos.

E afinal, é isto ser uma pessoa.

Estas crostas aqui vivas. E são iguais às de 1992 anos atrás.


domingo, 1 de agosto de 2010

A verdadeira faculdade de amar

está em amar sem precisar ser correspondido.



E a ainda mais perfeita capacidade de amar está em perceber quando não se é.