As coisas que vivemos com os outros aproximam-nos deles.
As que vivemos sozinhos afastam-nos.
Sempre que faço uma coisa que gosto sozinho - ainda por cima são cada vez mais raras - sinto que a gastei mal.
Não apenas por ter perdido uma oportunidade de construir proximidade com alguém - na sua partilha, que me faria passar a ter algo em comum com a pessoa com quem a fizesse - mas sobretudo porque essa vivência, tida sozinho, me fez passar a ter mais uma coisa só minha, que só aconteceu a mim, e que os demais desconhecem, afastando-me ainda mais deles.
Foi este ano em Berlim, que ouvi, da boca da filha da amiga de infância da minha mãe, a frase em que sempre acreditei e que nunca tinha pensado "não interessa onde estejamos desde que estejamos bem acompanhados". Ela disse-a como se nos tivéssemos conhecido desde sempre. Eu nunca a tinha visto. A minha mãe e a dela viveram juntas a união soviética.
Foi este ano em Berlim, que ouvi, da boca da filha da amiga de infância da minha mãe, a frase em que sempre acreditei e que nunca tinha pensado "não interessa onde estejamos desde que estejamos bem acompanhados". Ela disse-a como se nos tivéssemos conhecido desde sempre. Eu nunca a tinha visto. A minha mãe e a dela viveram juntas a união soviética.