A vida é várias coisas ao mesmo tempo.
Este mês, desde que te foste embora, tenho estado a descobrir as ideias que me faltam nos buracos entre as ideias que já tenho. Para te poder amar melhor.
Em Lisboa a tua marca ficou por toda a parte. Nos nossos passeios, unimos a cidade, como agora uno as minhas ideias, e nos dois casos é com contigo que o faço. A nossa mulher é a cola da nossa vida.
Contigo, porque para ti, consigo viver melhor. Tu que vieste de fora, deste-me o que já cá estava. Memórias para uma cidade inteira.
Agora, onde quer que eu vá, tu estás lá, à minha espera. Toda a cidade unida por ti, como se fosse a nossa casa e estivesses ora na sala ora na cozinha.
E fizeste a tudo na minha vida o que fizeste a Lisboa. Juntaste, colaste, aproximaste.
Quando não te tinha, procurava-te. Agora já não tenho de te procurar porque já estás em tudo. Agora tenho-te e posso finalmente viver.
Depois foste embora, mas não estás longe. O amor ficou. O que juntaste vai ficar para sempre junto.
Não escrevia desde que te vi pela primeira vez. Deus é o tempo, e Ele trouxe-te. Estive com Ele a aprender a amar-te melhor. Ficaria mais tempo. Dois anos para te dar um beijo. Ou foram vinte e três anos? Ou um dia?
É preciso tempo para amar.
Porque amar não é só o amor. É o antes e o depois. E se o amor for amor, cada depois é um antes, e cada antes é um depois.
Só a vida isso permite, porque só a vida é tempo, e só no tempo pode haver amor. Porque só a vida permite amar para sempre e só amar para sempre permite viver.
Obrigado, meu amor, por me dares a vida.
A nossa primeira mãe dá-nos a vida, a nossa segunda mãe é a mulher que nos dá o viver.