Quanto mais velhos crescemos, menos pessoas há com quem nos possamos casar.
Somos cada vez mais irreversíveis. Já não há, nos outros nem em nós, o futuro do sonho do que eles, ou nós, poderemos ser. Já somos tudo o que poderemos ser. O que iríamos descobrir juntos está cada vez mais a descoberto, na solidão.
Mas por essa razão, se encontrada a rara, única, pessoa, que poderíamos amar, mais fulminante é esse amor.
A complexidade que adquirimos através do tempo apurou a especificidade do que somos, e o que antes era uma incógnita, materializado, faz com que a excitação do incerto dê lugar à certeza da excitação.
A eroticidade do definido. A sedução da forma concreta, sem dúvidas. O desejo louco do que é irremediável. O deslumbre, a tentação em nós da tragédia do verdadeiro amor: aquele que só pode ser assim.
Por isso, quanto mais novos, mais amores, mas mais leves, quanto mais velhos, menos, mas mais fortes.
Pelo menos, quero acreditar que sim.
2 comentários:
Eh pá, Pedro, caramba! A escrever assim dessa maneira coisas que pareciam indizíveis... estás a habilitar-te ao epíteto de génio!!
:) obrigado Aurorinha.
Fazes-me corar.
De certeza que já alguém disse estas coisas antes e muito melhor... Mas gosto de tentar.
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