Antigamente incomodavam-me as conversas ocas dos outros.
Eram como um vácuo que sugava o meu espaço mental.
Hoje já não.
É como se, sem dar conta, tivesse descoberto o meu verdadeiro espaço interior (e afinal antes estava só à porta de mim) e esse vácuo deixado de ser capaz de me quebrar a concentração, como se nunca, até hoje, eu tivesse verdadeiramente estado concentrado.
E assim consigo aperciá-las. São como o som de um ribeiro que corre lá para o cantinho da minha alma. Como se as vozes das pessoas à minha volta fossem o lindo cantar de um passarinho. Afinal, racionalmente, ele também é oco.
É como se o meu erro tivesse sido atribuir demasiada importância às palavras que eram ditas.
Afinal o oco era eu, em quem entrava tudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário