Às vezes saio do trabalho às sete da manhã.
Mas confesso, gosto mesmo bué.
Quando se sai do trabalho às sete da manhã, as escadas do prédio cheiram a café.
Lá dentro das casas ouvimos as crianças a acordarem e as mães a mandarem-nas lavar os dentes.
E quando vamos de carro para casa, as outras pessoas conduzem ainda devagarinho, sem pressas nem ânsias, porque ainda estão a viver a pensar nos sonhos que tiveram.
Na rádio, os locutores ainda falam baixo, sussurram e dizem coisas meigas.
Na IC19, as pessoas que têm hortas na berma da estrada acabaram de chegar e esperguiçam-se antes de começaram a trabalhar. Da mesma maneira que um pouco antes se esperguiçavam os distribuidores de publicidades que estavam no Marquês de Pombal vestidos de esponjas de detergente CIF.
As madrugadas em Lisboa parecem um filme do Ozu.
As madrugadas são a mais bela parte do dia. Foi hoje quando vinha para casa, que a sua beleza me fez perceber finalmente como apreciar os prédios portugueses em toda sua beleza e sentido. Quando vamos a Espanha, vemos aqueles prédios em tijolo e pensamos Claro, faz sentido, são quentes, acolhedores, com toldos, que agradáveis, como os espanhóis. Quando vamos a França, vemos aqueles prédios elegantes, educados, altivos, e agradáveis, também eles como os franceses, e pensamos Faz sentido. O mesmo para o resto dos lugares do mundo. Mas até hoje ainda não tinha percebido essa unidade absoluta das construções da nossa civilização. Agora percebi. É que todas as casas, prédios e construções portuguesas de qualquer tipo, parecem que foram banhadas pelo Mar. Pertencem a uma arquitectura marinha. Parece que cada tijolo foi banhado em água salgada, baptizado numa bacia que cada pedreiro tem do seu lado, antes de ser posto em cima dos anteriores, todos abençoados. E o mesmo para as tintas, dissolvidas em água do mar. E os azulejos, magníficos azulejos onde se podia surfar. Os prédios portugueses sabem a mar.
Mas confesso, gosto mesmo bué.
Quando se sai do trabalho às sete da manhã, as escadas do prédio cheiram a café.
Lá dentro das casas ouvimos as crianças a acordarem e as mães a mandarem-nas lavar os dentes.
E quando vamos de carro para casa, as outras pessoas conduzem ainda devagarinho, sem pressas nem ânsias, porque ainda estão a viver a pensar nos sonhos que tiveram.
Na rádio, os locutores ainda falam baixo, sussurram e dizem coisas meigas.
Na IC19, as pessoas que têm hortas na berma da estrada acabaram de chegar e esperguiçam-se antes de começaram a trabalhar. Da mesma maneira que um pouco antes se esperguiçavam os distribuidores de publicidades que estavam no Marquês de Pombal vestidos de esponjas de detergente CIF.
As madrugadas em Lisboa parecem um filme do Ozu.
As madrugadas são a mais bela parte do dia. Foi hoje quando vinha para casa, que a sua beleza me fez perceber finalmente como apreciar os prédios portugueses em toda sua beleza e sentido. Quando vamos a Espanha, vemos aqueles prédios em tijolo e pensamos Claro, faz sentido, são quentes, acolhedores, com toldos, que agradáveis, como os espanhóis. Quando vamos a França, vemos aqueles prédios elegantes, educados, altivos, e agradáveis, também eles como os franceses, e pensamos Faz sentido. O mesmo para o resto dos lugares do mundo. Mas até hoje ainda não tinha percebido essa unidade absoluta das construções da nossa civilização. Agora percebi. É que todas as casas, prédios e construções portuguesas de qualquer tipo, parecem que foram banhadas pelo Mar. Pertencem a uma arquitectura marinha. Parece que cada tijolo foi banhado em água salgada, baptizado numa bacia que cada pedreiro tem do seu lado, antes de ser posto em cima dos anteriores, todos abençoados. E o mesmo para as tintas, dissolvidas em água do mar. E os azulejos, magníficos azulejos onde se podia surfar. Os prédios portugueses sabem a mar.
3 comentários:
Pedro pedreiro e penseiro!
No livro de Sergio Buarque de Holanda (sim, pai do nosso querido Chico!) "Raízes do Brasil" ele fala que em contraponto aos espanhóis, que são colonizadores ladrilhadores, os portugueses são semeadores. Aqui temos a urbanização semeada por vocês, onde o caminho das ruas respeitam as curvas das montanhas, onde a divisa dos estados segue os cursos dos rios. Faz todo o sentido de um povo que banha suas amadas pedras no mar!
Da Mayra, amada amiga.
Ah, como me sinto orgulhoso desses semeadores!
Beijo amador e amigo
(és isso e muito mais)
Finalmente compreendi porque é que as paredes da minha casa estão cheia de salitre! :)
Obrigada! ;)
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