Incomoda-me que as outras pessoas não saibam quanto a amei.
Incomoda-me que exista apenas uma palavra namorada para dizer o que ela foi para mim. Que seja a mesma usada para pessoas que amaram menos, ou nada, ou diferente, e para sentimentos que foram banais.
Incomoda-me que alguém fale dela e lhe chame o mesmo que chama a outra mulher, ou mesmo à sua namorada, sendo que o amor deles nada tem a ver com o meu, e que essas pessoas nem conseguem compreender a grandiosidade de certos sentimentos mas pensem que sim ou então que eles não existem.
Como se ao chamarem-lhe minha ex-isso estivessem a mentir.
Incomoda-me que falte essa palavra para designar o sentimento invisível.
Incomoda-me ainda mais que seja um clichê dizer que é preciso inventar palavras novas para designar o que ela foi para mim.
E incomoda-me que mesmo assim seja verdade que é preciso inventar essa palavra única, só minha, só dela, donzela do meu coração, pessoa com quem fui um, pessoa a quem me entreguei.
Incomoda-me eu querer provar que o que eu tive foi mais do que a maioria dos outros tem, quando eu já sei que foi, e que isso seja considerado arrogante, quando eu apenas estou a tentar dizer a verdade do que eu sinto, a tentar reclamar de um direito.
Como seria lindo se houvesse maneira de medir o amor, e houvesse uma organização consagrada e reconhecida por todos, oficial e inequívoca, que distinguisse os amores maiores dos mais pequenos, e desse medalhas e troféus para os grandes amantes, de modo a que alguém pudesse dizer Bem, nem sabes, aquele gajo ali, teve em tempos um amor nível 7 por uma tal rapariga, e alguém pudesse responder Namorados nível 7? Foda-se, nunca conheci ninguém que tivesse amado tanto!
3 comentários:
:)
que bem dito!
Isto é que é um texto de nível 7 (de um a 7).
E a última parte de nível 8! Haha
Nunca consegui referir-me ao João como meu ex-namorado. Durante muito tempo, precisei de palavras assim para explicar às outras pessoas porquê.
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