quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A moral

Este post é para ser lido ao som desta canção. E tem de estar a tocar muito alto.

- Já a pôs a tocar? - pode continuar:

É para ser ouvida ao som desta canção, porque foi escrita ao som desta canção.
Nada de original portanto, como tudo o resto neste banal - e ao qual uma amiga minha já chamou egocêntrico - blogue. Pois seja já que não há nada a perder.

Foi escrita ao som do

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

do contrabaixo. (Claro que eu a ouvi em disco, pois ainda compro discos).

Hoje estou a usar um perfume que gosto muito. É o truque das pessoas sozinhas, que procuram fazer-se acompanhar da melhor solidão possível. A minha cheira bem, e soa bem.

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

Hoje estava no banho e consegui finalmente pôr por palavras uma ideia que já tinha à muito tempo. Lembrei-me dela porque na novela que dá há hora do almoço a duquesa portuguesa disse aos seus filhos nascidos no Brasil que O amor é uma coisa passageira, as coisas que ficam para sempre são a família e a moral.

Não podia estar mais de acordo. É por isso que se deve tentar construir uma família perfeita. Mas o interessante é que, mais que a família, a moral vem sempre carregada de um peso negativo, diz-se moral e arrepiam-se os cabelos atrás do pescoço. Diz-se moral e aperta-se-nos o coração. E é bom que assim seja.

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

É bom que assim seja porque - e isto foi o que eu consegui pôr por palavras hoje - a moral é boa, o que é mau é obrigar alguém a segui-la. É mau porque é imoral. A moral tem de ser uma coisa que decidimos voluntariamente seguir. Claro, podem dar-nos uma ajuda. Mas obrigar não. E porquê? O Mestre do Tiro com Arco em O Zen e Arte do Tiro com Arco, já aqui citado uma vez noutro contexto, explica muito bem porquê, quando diz ao seu aluno para esticar um arco muito pesado sem fazer força nos braços, só nas mãos, e não lhe diz como. Passa uma semana e o aluno continua a tentar sem sucesso. Passam duas semanas e três e meses, e o aluno é levado ao desespero e à convicção de que é impossível ser virtuoso no tiro com arco. Vê a monstruosidade do seu falhanço. Então chega ao pé do mestre e implora-lhe uma vez mais Explique-me como mestre. E então o mestre explica, e ele consegue. E é aí que o aluno pergunta Porque me levou a este desespero mestre, porque me fez perder todo este tempo e chegar a tamanha frustração? Ao que o mestre respondeu Para que saibas o valor deste ensinamento.

É o mesmo com a moral. Pode-se explicar, mas não obrigar. Cada um tem de fazer muita merda para depois perceber qual é o caminho virtuoso.

Quando tiver filhos - muitos - vou ensinar-lhes a moral, sem os obrigar a segui-la.

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

TUM-TUM; TAM TAM, TUM...

4 comentários:

Anónimo disse...

Partilho todas as ideias deste post. Todinhas. Especialmente a parte de perfumar a solidão.

Mayra disse...

E eu adoro a parte: "Quando tiver filhos - muitos - ..."

Uhuuu!

Calor Humano disse...

Obrigado senhoras. Adoro poder contar com a vossa presença aqui.

beijos

Unknown disse...

Bom post. e tem o swing do som que puseste a ouvir.
aposto que o comentário de o teu blog ser egocêntrico veio de uma das Nunes, soa ao moralismo delas.

abraço