Seria de pensar que prometer fosse uma coisa fácil. No contemporâneo, em que desapareceu o pudor que fazia com que prometer significasse comprometer, seria de pensar que prometer fosse canja. Que toda a gente pudesse prometer e que o difícil fosse cumprir. Mas não. Porque toda a gente promete e ninguém cumpre, tornou-se dificílimo prometer alguma coisa e fazer com que acreditarem em nós. É por isso que já nem há sequer a coragem de prometer seja o que for. É por isso, por exemplo, que ninguém se casa.
Mas, das profundezas da Geração Descrente, houve quem tivesse a coragem de prometer.
Por entre o mar dos desiludidos, Os Pontos Negros prometeram. Os Golpes prometeram. O Tiago Guillul e a sua banda já tinham prometido. E com eles prometemos nós, todos aqueles que espalhámos a mensagem e acreditámos. E ontem, tornando o MusicBox a CaixaDeMúsica que até lá nunca fora, eles tiveram a ousadia de cumprir. E nós com eles.
Mas, das profundezas da Geração Descrente, houve quem tivesse a coragem de prometer.
Por entre o mar dos desiludidos, Os Pontos Negros prometeram. Os Golpes prometeram. O Tiago Guillul e a sua banda já tinham prometido. E com eles prometemos nós, todos aqueles que espalhámos a mensagem e acreditámos. E ontem, tornando o MusicBox a CaixaDeMúsica que até lá nunca fora, eles tiveram a ousadia de cumprir. E nós com eles.
A bandeira que eles hastearam ontem - com a ajuda de outros, que com nobreza de caráter respondem apenas aos nomes Amor Fúria ou FlorCaveira - hastearam-na para Sempre. Na História. Na História porque foi vivida no presente. Ontem aconteceu no MusicBox a melhor noite de rock português em que eu já estive presente. Acredito mesmo, a melhor noite de rock português que qualquer um dos que lá esteve presenciou até hoje, dada a sua idade.
Só é História aquilo que é vivido. Só conta aquilo que é verdade. Ontem o rock português foi verdade.
Verdade para quem? Para aqueles, que novos de espírito, ainda souberam acreditar.
Há duas formas de acreditar. Uma, envolve a fé. A outra, a razão. A que envolve a fé, consiste em acreditar naquilo que não se vê, só se sente. Naquilo que se sabe que é possível - é, no presente, apesar de só ir acontecer no futuro. Os que acreditaram assim, tiveram a oportunidade de estar lá no momento em que o futuro se tornou presente. E isso chama-se viver.
A outra forma de acreditar, que envolve a razão, consiste em ler textos como este, em ler as revistas, em ouvir contar a noite magnífica que aconteceu ontem e que uns eleitos presenciaram, e suspirar Acredito que tenha sido bom... Esta forma de acreditar fica para todos os que não estiveram ontem no MusicBox.
Quem deixou ontem o MusicBox a abarrotar era, de facto, novo. Novo de idade. Uma grande percentagem do público era mais novo que eu (e eu sou novo). Sei que a noite de ontem os mudará para sempre. A geração que aclamará Os Pontos Negros, Os Golpes, o Tiago Guillul, o Samuel Úria e todos os outros é a geração que hoje tem menos de vinte e dois anos.
A minha geração - a dos vinte e dois anos para cima - nem vê-la. Convidei trinta amigos, veio um. Mas não foram só os meus amigos que faltram, foi uma geração inteira. Não há nada que me alivie a raiva perante esta gente que, cansada, triste, precocemente velha, não tem forças para realmente viver o seu tempo (quanto mais algum dia aspirar a viver o passado ou o futuro - sim, porque é preciso dignidade para viver o passado e o futuro). A geração que deixar passar ao lado - e eu ainda tenho fé que não vai deixar - bandas como Os Pontos Negros, Os Golpes ou o Tiago Guillul, é uma geração merecedora do grito de Almada Negreiros através da História:
Abaixo a Geração!
Quem me dera ver-me livre desta geração que faz o seu Tempo ser de Não Glória e só está preocupada com porcarias. A geração que nem promete, nem cumpre.
O melhor refrão dos nossos tempos é para ela.
Felizmente que a nova geração está já aí.
Quem me dera ver-me livre desta geração que faz o seu Tempo ser de Não Glória e só está preocupada com porcarias. A geração que nem promete, nem cumpre.
O melhor refrão dos nossos tempos é para ela.
Felizmente que a nova geração está já aí.
8 comentários:
Sim e não, depende.
Percebo a força motriz do post mas, talvez por causa da expêriência dos anos, devo advertir que generalizar é distorcer a realidade. E se é certo que uma árvore não faz a floresta, esta é necessariamente composta de árvores.
Desde já, fica o desafio para dia 27 de Novembro, no Maxime, ver o que a geração "supra" 22 promete e cumpre (ou não).
Ocarteiro
(http://www.ocarteiro.blogs.sapo.pt
http://www.myspace.com/thebigchurchoffire)
"Só é História aquilo que é vivido. Só conta aquilo que é verdade."
Caro wiskey joe, certamente que o meu post não foi escrito com a clareza que eu desejava, pois queria referir-me aos públicos e não aos artistas, na medida em que existem inúmeros grandes promessas (para mim já confirmações) da geração supra 22, muitos dos quais são citados neste e noutros posts, como Os Golpes, o Tiago Guillul, o Samuel Úria, o João Coração, etc. Por isso julgo que todas as gerações têm os seus "artistas" e muito me alegra saber que também tu fazes música. É algo por si só de respeitar bastante. O que me entristece é a atitude geral de uma geração, a "atitude coletiva" e não a individual, que me parece que não procura viver em pleno as suas potêncialidades.
almariada :)
Ó propagandas!!
Por momentos, acreditei ouvir o glorioso hino dos Vangelis alto e bom som, e estar no comício de um futuro PM!! ;)
Teria ido a este concerto, mas era carote, e há-que salvaguardar discordâncias estéticas e outras. concordo com a ideia de nos tempos de hoje o fazer só por si ser louvavel, mas só até certo ponto. também me interessa qual é o catalizador da acção e,igualmente importante, qual é o fruto.
dito isto, sinto que o carapuça do almada me foi enfiada.
Mas talvez o vazio esteja a acabar.
Sinceramente estou na geração bem supra 22... mas muito atento ao que de novo se faz por aí... mas sinceramente tenho dificuldade em digerir pontos negros... não por não gostar da sonoridade, pois até gosto... mas a colagem a Strokes é tão grande, que para ser bom, tinha de ser mesmo muito bom... se o é musicalmente, já o mesmo não posso dizer do rapaz que canta... tenta ser um Jules Casablanca português, na entoação e no desafino, e é aqui que ele falha... Jules Casablanca, tal como os Cake já o tinham feito muitos anos antes, consegue cantar num limbo do afina, desafina fantástico, mas os rapaz dos PN, simplesmente "não o tem"... Por fim, as letras em Português, não são piores que as da maioria das bandas que cantam em Inglês... mas infelizmente, a maioria dessas letras são muito mazinhas... Em português, ninguém disse que era fácil... mas basta ouvir Ornatos Violeta por exemplo... ou o "velho" Sérgio Godinho para se aprender um pouco. Quanto ao João Coração é outro... um pseudo Anthony Hagerty, que apesar de ter influências muito boas, não tem muito talento. Sou um assíduo ouvinte da Radar FM, e estou constantemente a ser bombardeado com esta nova onda de novos artistas, e fico com a sensação de que o rei vai nu, e toda a gente aplaude. Volto a frisar, que nem tudo é mau... mas daí a ser muito bom, vai uma grande distância - haja sentido crítico!
Agora podem fustigar-me... ;-P
Eu perfiro que não haja sentido crítico :) desculpa
"(...)já nem há sequer a coragem de prometer seja o que for. É por isso, por exemplo, que ninguém se casa."
:)
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