Uma reflexão muit interessante. Mas como diria a Armanda Passos "Não te sintas só porque sempre estiveste só". Ou seja, até que ponto é que a solidão não é uma condição primordial?
Como cada um só pode falar de si, não sei se para as outras pessoas é ou não. Mas para mim acho que não é. Porque há ocasiões - em que estou de determinada maneira com determinados amigos - em que não me sinto mesmo nada só. Se fosse primordial acho que não se tinham inventado palavras como "só" e "acompanhado" - não existiam pois era o nosso estado natural. Eu "não estive sempre só". Nem tu :)
sim, também não acho que tenhamos sido feitos para estar sozinhos. somos bichos sociais. mas talvez não tanto quanto o que se vê hoje. há social e social, acho eu. há o pleno e o podre. as palavras vieram complicar a coisa, não precisávamos delas para coisa nenhuma. o sentir é sentido e basta. as palavras atafulharam-nos de inutidades. mas para conseguir limpezas de éticas e tangas afins, precisamos de perceber bem as palavras todas que nos corromperam. depois é aprender com os animais.
Eu acho que a palavra "só" e "acompanhado" podem ter sido inventadas por pessoas que não conseguiam compreender a própria abrangência das palavras que acabavam de inventar. Ou tiveram a necessidade de as inventar no contexto da comunicação mas pouca foi a especulação sobre os caminhos que tais palavras tomariam com o evoluir dessa mesma comunicação. De qualquer modo podem ter sido inventadas para descrever um mero estado físico e não algo mais profundo ou metafísico. Ser-mos sós não é incompatível com o estar-mos acompanhados ou o não nos sentir-mos sós. Somos sós no sentido que a nossa individualidade, aquele ser não-físico que somos, não irrompe totalmente da nossa carapaça física. Por mais que se tente e se queira acho que não conseguimos partilhar o todo que somos, não consegui-mos pôr frente a frente, em plena comunicação, as nossas essências. (Talvez por serem de uma tal dimensão que esse diálogo demoraria a eternidade e nessa demora mais uma vez estaríamos sós.) E assim aquela parte da nossa essência que talvez nem nós próprios consigamos alcançar e que se mantém no nosso âmago prende-nos ao estado de solidão.
4 comentários:
Uma reflexão muit interessante. Mas como diria a Armanda Passos "Não te sintas só porque sempre estiveste só". Ou seja, até que ponto é que a solidão não é uma condição primordial?
Como cada um só pode falar de si, não sei se para as outras pessoas é ou não. Mas para mim acho que não é. Porque há ocasiões - em que estou de determinada maneira com determinados amigos - em que não me sinto mesmo nada só. Se fosse primordial acho que não se tinham inventado palavras como "só" e "acompanhado" - não existiam pois era o nosso estado natural. Eu "não estive sempre só". Nem tu :)
sim, também não acho que tenhamos sido feitos para estar sozinhos. somos bichos sociais. mas talvez não tanto quanto o que se vê hoje. há social e social, acho eu. há o pleno e o podre. as palavras vieram complicar a coisa, não precisávamos delas para coisa nenhuma. o sentir é sentido e basta. as palavras atafulharam-nos de inutidades. mas para conseguir limpezas de éticas e tangas afins, precisamos de perceber bem as palavras todas que nos corromperam. depois é aprender com os animais.
Eu acho que a palavra "só" e "acompanhado" podem ter sido inventadas por pessoas que não conseguiam compreender a própria abrangência das palavras que acabavam de inventar. Ou tiveram a necessidade de as inventar no contexto da comunicação mas pouca foi a especulação sobre os caminhos que tais palavras tomariam com o evoluir dessa mesma comunicação. De qualquer modo podem ter sido inventadas para descrever um mero estado físico e não algo mais profundo ou metafísico.
Ser-mos sós não é incompatível com o estar-mos acompanhados ou o não nos sentir-mos sós. Somos sós no sentido que a nossa individualidade, aquele ser não-físico que somos, não irrompe totalmente da nossa carapaça física. Por mais que se tente e se queira acho que não conseguimos partilhar o todo que somos, não consegui-mos pôr frente a frente, em plena comunicação, as nossas essências. (Talvez por serem de uma tal dimensão que esse diálogo demoraria a eternidade e nessa demora mais uma vez estaríamos sós.) E assim aquela parte da nossa essência que talvez nem nós próprios consigamos alcançar e que se mantém no nosso âmago prende-nos ao estado de solidão.
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