domingo, 7 de setembro de 2008

Uma canção sobre a salvação do mundo (o amor entre a esquerda e a direita)

(ver posts anteriores)

Conto de Fadas de Sintra a Lisboa

Ele era um cavalheiro
Todo ele transpirava elegância
Ela era gata borralheira
Tivera que limpar a sua infância

Ele velejava no verão
E esquiava no inverno
Ela trabalhava ao balcão
De um qualquer estabelecimento moderno

Ele gostava de reluzir em si
O estilo da capital
Ela já não conseguia distinguir as cores
Da bandeira nacional

Ele tinha entre os seus títulos
Uma futura ordem do infante
Ela achava o levantar do dedo mindinho
Algo deselegante

Mas ele um dia curvou-se a seus pés

E ela passou a ocupar o tempo
A descobrir o que era a cultura
E ele confinou-se aos seus aposentos
E descobriu a costura

Ela quis vir a entender o universo
E começou a ler Platão
E ele resolveu perceber o que era a justiça
Em frente à televisão

A ele de nada lhe valeu a aparência
Nem a casa no largo do rato
Porque ela sabia que era Cinderela
E enganou-o com um sapato

Ele que um dia fora príncipe
Agora rendia-se à evidência
Com mulheres que calçam o quarenta
É melhor revelar prudência

Hoje ele ainda beija os seus pés.

Os Pontos Negros, uma banda com um nome genial, numa canção que, quase como mais nenhuma hoje em Portugal, fala dos dias de hoje e da vida e, logo, está mais perto da Verdade. É ainda só ter lido o título e já pensar "mas isto sou eu!".

Três vivas a Queluz.
Uma salva de palmas ao Jónatas, Lipe, Silas e David.

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