quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Amor verdadeiro

O Amor verdadeiro parece inexplicável pela lógica. Sente-se que é uma coisa em que se acredita e que se sabe, numa espécie de sabedoria silenciosa e surda. Sente-se e não se sabe porquê, nem de onde vem, e que parece que sai de dentro do nosso peito e o quer fazer explodir de emoções. E quando surge, parece que sempre cá esteve e que faz parte de nós. É uma verdade. E é em tudo igual à Fé. É uma coisa que nos move para a vida e que nos puxa e agarra e indica o caminho. Mas que não sabemos o que é, e que há gente que diz que não existe. Provavelmente dizem-no porque nunca o sentiram.

Como diz um extremamente sábio amigo meu a que decido que vou chamar Rafael neste blogue, as pessoas só sentem a fé se aprenderem a exercitar o músculo da fé de pequeninas. Ao Rafael ninguém ensinou e por isso ele não consegue. Uma espécie de capacidade telepática que tem de ser aprendida como quando se aprende a andar ou a falar, na altura certa. Eu sou como ele. Nunca aprendi a fé, como muitas pessoas nos dias de hoje parecem também não ter aprendido, ao contrário de muitas outras. Mas percebo de onde vem, e percebo a sua força. Digamos que se me concentrar, até consigo imaginar como é senti-la. Sentir que a estou a sentir mesmo sabendo que não é a verdadeira. Não tenho os instrumentos humanos que preciso para chegar a deus.

Passa-se exatamente o mesmo com o Amor. Há muitas pessoas que não acreditam no amor. Provavelmente nunca o sentiram. Eu, como um bom e devoto praticante, tenho pena dessas pessoas. Eu acredito no Amor e sei que existe. Mas aprendi-o de pequenino, com um fabuloso primeiro amor. Coitados dos que não tiveram essa sorte.

Até à chegada do romantismo, a ideia de amor não existia. Possivelmente os sentimentos estavam lá, como uma espécie de patologia, mas não eram estimulados nem aprefeiçoados. Como diz Don Draper em MadMen: O Amor foi uma coisa que nós (os publicitários) inventámos para vender papel higiênico. Se estivesse eu à mesa com ele nessa cena e não aquela bela judia, ter-lhe-ia respondido A partir do momento que inventaram Don, eu passei a acreditar. A partir do momento em que o inventaram, passou a existir.

Já pensaram na quantidade de sentimentos fantásticos que podem estar escondidos dentro do nosso potencial humano e que ainda não descobrimos? Que aprendidos e treinados na idade certa se revelarão até à idade adulta, mas que em adulto são impossíveis de auto-estimular? Que maravilhas andarão escondidas! Telepatia? Capacidade de levitação? Quem sabe. Mas sobretudo interessa-me pensar Qual será o próximo sentimento a ser descoberto? Qual nos fará passar para uma nova era, tal como passámos da era da Fé para a era do Amor?

2 comentários:

Aurora disse...

hmmmm... tenho ideia que a noção de amor é mais antiga do que o romantismo... pelo menos ela é tão antiga quanto a poesia e essa já tem muuuuuitos anos...

mas sim, ansiosa por saber de novas emoções escondidas, tenho a certeza que as há. se até encontraram o stress. eu lembro-me de quando não havia stress...
eu estou atenta, se encontrar alguma boa digo

mas entretanto.... gostava de me livrar de alguns sentimentos que adquiri nem sem porquê. como é que se explica ficar em stress por causa de uma barata e não me importar com borboletas? vou-me dedicar também a sentir amor pela barata... (confesso que por meu interesse e não só pelo dela...)

Mayra disse...

Adorei, vou adotar essa postura também Aurora!