domingo, 21 de setembro de 2008

Sobre o elogio ao trabalho ou O Homenzinho Português

(ver posts anteriores)

Basta ser português para saber que a maior ambição de um português normal é trabalhar o menos possível (felizmente a nossa História é feita de muitos portugueses anormais, os melhores - mas isso é para outro post). Os estudos comprovam-no. Parece que no último semestre, a produtividade dos portugueses voltou a descer.

Diz um amigo meu de há muito tempo, com grande sabedoria - vamos chamar-lhe, para fins deste blogue, Roberto - que só em Portugal se ouve aquela frase fantástica Hoje tive o dia todo sem fazer nada! (seguida de um esfregar de mãos) como se isso significasse que se teve um dia fantástico. Sublime. Um dia invejado por todos. O dia perfeito. E o pior é que é realmente invejado. Fui para o Brasil, estive lá 12 dias na praia, sem fazer nada! Foram os melhores dias da minha vida ou então Epá, hoje quando chegar a casa, não vou fazer nada!, por exemplo, são normalmente seguidas de um coro que canta que sorte, quem me dera.

Os homens que dizem isto são homens pequenos e é exatamente por não trabalharem que o são.

Os homenzinhos portugueses não tem a coragem de sofrer trabalhando. É por isso que face à mais pequena contrariedade, o homenzinho português desiste, se desmotiva, entristece. É por isso que é capaz de sofrer com uma coisa como o Futebol. O homenzinho português não está treinado para sofrer. Pelo contrário. Desde petiz, o português é treinado por suas mães e seus pais a não trabalhar. Como é dura a vida, que faz com que tenhamos de trabalhar para sobreviver, pensa o português adulto, que já descobriu a verdade, e acrescenta Vou dar aos meus filhos a maior felicidade da vida enquanto podem tê-la, enquanto são pequeninos, pois não quero que sofram. E o que faz o homenzinho português? Dá tudo ao filho e cultiva a preguiça no seu rebento. Quando chegamos à adolescência, somos profissionais no descanso. E se dormir fosse modalidade olímpica, eramos uma potência.

A preguiça é a causa direta da nossa infelicidade crónica portuguesa. Nem estou a falar em trabalhar para melhorar a nossa situação económica, ou cultural, ou social. Isso é óbvio. Estou a falar de como é impossível que um homemzinho seja amado por uma mulher. Não, o homemzinho português tem de ser amado por uma Mulherzona. Alguém duvida que é por isso que tantas mulheres portuguesas são tão brutas, tão amargas, tão entristecidas, tão amassadas da vida? Alguém ainda não se apercebeu que é por isso que têm de se transformar em camiões, tanques de guerra humanos, frios, que levam tudo à frente e gritam e são agressivas? É precisamente por isso e por mais nada. Tudo bem para o homemzinho, que gosta de mulheres assim. Mas não para os homens.

Não podemos dizer que as mulherzonas não têm culpa de ser mulherzonas. A educarem os seus filhos como homenzinhos, mimados e atrofiados, e a educarem as suas filhas como quem treina cães de caça, não conseguem quebrar o ciclo. Mas a culpa é só indireta, porque se reflete na geração seguinte. Quem pode quebrar o ciclo, na hora, no segundo, são os homens (este parágrafo pressupõe a coisa óbvia que é os homenzinhos não serem capazes de educar ninguém).

Eu acho bem que as mulheres trabalhem, e não é isso que faz delas mulherzonas. O trabalho é só condição da vida. O que faz delas mulherzonas é não terem em casa um homem que seja capaz de lhes dar segurança e proteção. Um homem que sintam que é mais forte, que já sofreu mais que elas, que aguenta mais que elas. Um homem capaz de as abraçar com honra de ser um ser superior, não a ela, mas superior àquilo que já foi, superior à criancinha que era, superior ao homemzinho que era. Não há destes por aí. Não há nas casas, mas também não há na rua, nem nos bares ,nem nas praias, nem nos locais de trabalho (existem alguns locais de trabalho em Portugal, ainda em período experimental).

Já ouviram falar no mito de que as mulheres israelitas são as mais bonitas do mundo? Parece que é mesmo verdade. Não sei se já ouviram falar no mito de que os judeus são uns trabalhadores gananciosos e obsessivos como um raio. Já?


Este post é dedicado ao Roberto, que sabe quem é.

3 comentários:

na me parece disse...

Como no post anterior comentei que o pedro não é português neste vou ter de me afirmar como o mais português dos portuguêses. :p

Calor Humano disse...

Ahh, não digas isso madjé!

Por outro lado, o reconhecimento já é meio caminho andado para a cura.

Aurora disse...

depois da arte de dormir, aprecio esta espécie de reviravolta que é o elogio ao trabalho. é sempre salutar não nos agarrarmos a uma única ideia.

contudo devo dizer que nem o trabalho nem a preguiça me parecem ser objectivos específicos para ninguém, nem motivo de orgulho nem de vergonha. o que é necessário é ser autêntico. ninguém será um homenzinho, nem mulherzona, nem homenzarrão nem mulherzinha se forem autênticos.

trabalhar sem querer trabalhar... preguiçar quando o corpo já dói de aborrecimento... isso é que mata qualquer um.

é preciso.... estar atento.